Pequenos passos para uma rotina mais gentil

Notal: Este é um relato pessoal. 
Não substitui apoio psicológico. Se estiver em crise, busque ajuda especializada: você não está sozinho(a).

Nem todo recomeço grita. Às vezes, ele chega no meio da rotina, no abrir de uma caixa, no caminhar lento dentro de casa. E foi assim: sem grandes planos ou datas marcadas, que uma nova etapa começou.

Nos últimos dias, surgiu o desejo de transformar a rotina — cuidar do corpo com mais intenção, voltar a ler com prazer e criar espaços internos de silêncio, mesmo em meio ao barulho cotidiano. Um pequeno símbolo disso foi a chegada da esteira. Mais que um exercício, ela veio como lembrança de que é possível se mover mesmo sem sair do lugar.

Começar pequeno é começar bem:

Ao invés de pensar em grandes metas, como completar 10 mil passos logo de cara, a decisão foi simples: dar o primeiro passo. Cinco minutos caminhando, ouvindo um vídeo leve, deixando o corpo respirar enquanto a mente desacelera. No fundo, começar é menos sobre desempenho e mais sobre presença.

Algo semelhante aconteceu com a leitura. O impulso inicial era “voltar a ler mais”, mas isso criava pressão. A solução? Deixar o livro à vista, no sofá ou na mesa do café, e se permitir ler apenas um parágrafo. Um só. Muitas vezes, isso era o bastante para seguir adiante com leveza.

Criando rituais de pausa:

Também nasceu o desejo de criar pequenos marcos no fim do dia. Um alarme às 19h virou lembrete para parar e respirar. Três respirações profundas, intencionais, bastavam para sinalizar: o que era urgente já ficou para trás. A noite agora é para descanso e reconexão.

Quando a inquietação batia mais forte – seja por pendências, preocupações ou expectativas – surgiu uma prática simples: escrever os pensamentos em um papel e colocá-los em uma caixa simbólica. Um gesto quase infantil, mas profundamente eficaz em lembrar que nem tudo precisa ser carregado o tempo todo.

Criando momentos bons, mesmo com a mente cheia:

Nem sempre o cenário precisa estar totalmente tranquilo para que algo bom aconteça. Às vezes, mesmo com a mente cheia, compromissos pendentes e o corpo cansado, é possível viver pequenos instantes de presença – e eles contam mais do que parecem.

Recentemente, um encontro com pessoas queridas me mostrou isso na prática. Mesmo sem estar totalmente disponível emocionalmente, consegui sorrir, trocar algumas palavras sinceras e sentir uma pontinha de conexão ali, naquele espaço compartilhado.

Na hora, veio aquela dúvida comum: “será que aproveitei de verdade?”
Mas a resposta veio com suavidade: sim, do jeito que deu. E isso basta. Criar bons momentos não exige perfeição – exige disponibilidade possível. E, quando há afeto envolvido, até 10 minutos de conexão têm valor.

Mesmo em dias corridos, ser gentil com a própria entrega é uma forma linda de viver com mais leveza.

Conexões que nutrem:

E por falar nisso… às vezes, o simples gesto de retomar o contato com alguém querido – mesmo com a mente cheia ou o corpo cansado – transforma o dia em algo mais leve.

Uma ligação que estava pendente, uma saudade silenciosa, uma vontade adiada. Por preguiça, esgotamento ou falta de tempo, esses encontros ficam para depois. Mas bastou uma mensagem simples:
“Oi! Posso te ligar rapidinho daqui a pouco?”

Sem obrigação, sem cerimônia. E o reencontro, mesmo virtual, trouxe aquele conforto macio de presença que aquece por dentro.

Porque cuidar também é isso: lembrar, escrever, se aproximar – mesmo que só por alguns minutos possíveis.

Cuidar de si é um processo silencioso:

Tudo isso não foi feito de uma vez. Houve falhas, pausas, redirecionamentos. Mas também houve coragem. A coragem de mudar um hábito, de tentar de novo, de respirar fundo, de dizer não quando necessário – e de se ouvir mais.

Recomeçar pode parecer pequeno, quase imperceptível. Mas ele está lá, em cada escolha intencional.

📌 Quando você:

  • Troca metas por microações.
  • Faz da respiração um ritual.
  • Valoriza pequenas presenças.
  • Entende que socializar é escolha, não obrigação.
  • Cuida de quem ama, mas também de si mesma.

Está, sem perceber, reconstruindo sua rotina com mais gentileza.

Se essa leitura te abraçou, compartilhe com alguém que também esteja tentando recomeçar de forma silenciosa. Às vezes, tudo o que a gente precisa é lembrar que mesmo os passos suaves também levam longe.

Nota: Este conteúdo reflete vivências pessoais e não substitui terapia profissional. Em crises, busque ajuda: CVV (188), CAPS ou emergência (192).

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